Pellets e um lucrativo combustível renovável e zero carbono. Pellets é um negócio sustentável e de alta rentabilidade consolidado no mercado mundial (Global Biomass and Pellets Power Generation Market, o mercado global de geração de energia com o uso de pellets gerou investimentos e negócios era em 2017 de US$ 35,12 bilhões e deve atingir US$ 66,23 bilhões até 2026, crescendo a uma taxa CAGR de 7,3%).
Pellets Neutro em carbono? Se provenientes de florestas geridas de forma sustentável, os pellets de madeira são neutros em carbono na combustão. Se a taxa de colheita anual em toda a área florestal manejada for menor ou igual à taxa de crescimento anual, então, o estoque de carbono mantido na floresta não diminui. Assim, cada molécula de CO2 emitida na combustão é absorvida pelo novo crescimento mais ou menos contemporaneamente. Como acontece com qualquer combustível que deve ser extraído, refinado e transportado, há uma pegada de carbono, mas os pellets neutralizam e compensam toda a cadeia.
Substituição dos Combustíveis Fósseis por Pellets. A substituição dos combustíveis fósseis como o carvão, coque, gás, diesel por pellets é uma estratégia pragmática e racional para a transição para um setor de energia descarbonizada. As centrais de energia no Reino Unido eram movidas a carvão e atualmente por biomassa e pellets, capturam e armazenam o carbono (BECCS). Atualmente a rede de energia do Reino Unido é suportada por cerca de 2.300 MWs de geração a partir de combustível 100% peletizado. O BECCS será implantado na estação de energia Drax do Reino Unido em 2027. Cerca de 2.000 MWs de emissões de CO2 de geração energética serão bombeados sob o Mar do Norte, resultando na remoção permanente de 3,7 milhões de toneladas de CO2 por ano da atmosfera, gerando em média cerca de 8% da demanda de energia do Reino Unido. O resultado é a remoção significativa de CO2 da atmosfera enquanto gera energia. Substituir o carvão por pellets já é uma estratégia do setor de geração de energia descarbonizada do Reino Unido, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Alemanha, Espanha, Itália, Coréia do Sul e do Japão. A implantação dessa estratégia oferece suporte à geração de energia 100% renovável e uma economia descarbonizada.
Demanda Mundial de Pellets. A demanda mundial por combustível neutro renovável de carbono (descarbonização) que possa substituir o carvão pode atingir cerca de 43 milhões de toneladas métricas por ano em 2027 - mais do que o dobro da demanda em 2020. Atualmente a UE é o maior mercado consumidor de pellets de madeira do mundo, com um consumo de 40 milhões de toneladas em 2022.
AEBIOM tem uma avaliação geométrica de uso de pellets em mercado residencial e industrial entre 50 e 80 milhões de toneladas em 2023. Sikkema projeta que a demanda por pellets de madeira poderia, em teoria, chegar a até 150 milhões de toneladas até 2025, supondo que 50% de todas as caldeiras de aquecimento de óleo poderiam ser substituídas, em 2024, e assumindo um nível da UE, a taxa de co-incineração média de 10% em todas as usinas de carvão na UE.
A demanda agregada em 2022 é estimada em 30,9 milhões de toneladas métricas. Espera-se que a demanda no Reino Unido e na União Europeia se estabilize até 2025. No entanto, espera-se um grande crescimento de consumo no Japão e na Coréia do Sul na década de 2025 e que o Canadá e os EUA tenham algumas usinas de carvão pulverizado usando pellets. Estima-se um avanço de 8,0% ao ano no consumo mundial de pellets com o avanço enorme para os próximos anos com os novos projetos co-firing na União Europeia.
A China é atualmente o segundo maior consumidor de energia do mundo, atrás Estados Unidos. Energia tem sido a base do crescimento econômico da China. No centro do consumo de energia da China é o carvão, que fornece 70% das suas necessidades de energia, tornando-se o maior consumidor de carvão do mundo. A China se comprometeu em prosseguir com o objetivo comum de mitigação dos impactos das mudanças climáticas, mas tem resistido em assumir os compromissos e as metas específicas de redução de emissões. A China também determinou que pelo menos 15% de sua capacidade energética deve ser gerada a partir de fontes de energia renováveis a partir de 2023. A previsão de consumo em 2023 na China será de 10 milhões de toneladas de pellets.
A Coréia do Sul é polo de negócios na área compra de pellets e biomassa. De acordo com as metas do governo, a demanda de pellets na Coréia do Sul é projetada para crescer até 8.000.000 MT em 2023. A Coréia do Sul utiliza atualmente cerca de 75 milhões de toneladas de carvão por ano. Se for convertido 2% deste valor em pellets numa proporção de 1,5 toneladas de pellets por tonelada substituído, isto significaria um mercado de 2,25 milhões de toneladas de pellets. O Japão deve importar entre dez e vinte milhões de toneladas de biomassa peletizada até 2030.
Finalmente os Estados Unidos estudam a possibilidade de utilizar biomassa peletizada para reduzir sua dependência no carvão mineral. Nesse caso, se apenas 5% do carvão for substituído por biomassa peletizada, o mercado norte americano rapidamente passará de exportador para importador, pois serão necessários 28 milhões de toneladas adicionais por ano para atender tal demanda.
Preço de pellets na Europa. Os preços de venda (pellets para consumo residencial) para dos pellets de qualidade ENplus A1 no mercado final oscila em torno de 295/310 Euros (€) a tonelada ensacada em sacos de 15 kg. Esse preço corresponde aos preços publicados em artigos sobre o mercado internacional de pellets, mas dependem de cada país exportador, da qualidade e do condicionamento e transporte (sacos de 15 kg, big bag de uma tonelada ou a granel). O preço FOB a granel para pellets na Finlândia gira em torno de 157 € t-1, o preço Ex-works na Europa Central de 160 € t-1, o preço a granel na Suécia sendo em torno de 174 € t-1. Nos Estados Unidos, os preços FOB a destinação de atacadistas de médio a grande porte é de 225 até 265 U$ t-1. No Reino Unido podemos avaliar os preços da The Luxury Wood Company. Todos os produtos têm a certificação EN Plus® e autorizados pela BSL.
Mercado Nacional. O Brasil é o décimo nono produtor mundial de pellets com uma capacidade anual de produção de 800.000 toneladas (adicionando a produção de biopellets da cana-de-açúcar). E em termos de exportação estamos numa posição distante (36%). As empresas do setor florestal, processo industrial da madeira, papel e celulose, compensados e mdf, laminação e painéis, madeira serrada estão perdendo uma oportunidade em integra-se ao promissor mercado mundial de pellets.
O Brasil possui cerca de 10 milhões de hectares de florestas plantadas, principalmente com espécies dos gêneros Eucalyptus e Pinus, que representam aproximadamente 96% do total estando entre os cinco maiores detentores de florestas plantadas no mundial. Temos uma área com potencial de oferta de madeira de 396,4 milhões de hectares, 46,5% da área total do país, e podem disponibilizar, em média, 577,1 milhões de toneladas de biomassa florestal por ano. Desse total, a maioria (77%) é representada pelo cultivo de eucalipto, com 6,97 milhões de hectares, e 18% de pinus, com 1,64 milhão de hectares. Com relação aos plantios de eucalipto estes estão localizados principalmente nos Estados de Minas Gerais (24%), São Paulo (17%) e Mato Grosso do Sul (16%).
Mas o aproveitamento dos resíduos da cultura florestal do eucalipto para a produção de pellets é quase nulo no Brasil. Produzimos apenas 30.000 toneladas por ano de pellets de eucalipto com um potencial de geração de resíduos disponíveis de eucalipto de quase 60 milhões de toneladas por ano. Somente temos uma planta de pellets de eucalipto funcionando em São Paulo e em breve uma segunda no Maranhão. As empresas do setor florestal e industrial de eucalipto estão perdendo a oportunidade e dividendo econômico.
Nota-se ainda que não existe no Brasil nenhuma planta industrial de agropellets que poderiam utilizar os resíduos da colheita da agricultura e do beneficiamento agroindustrial. No Atlas Brasileiro de Biomassa temos um quantitativo de disponibilidade dos resíduos gerados pelo setor agroindustrial de 547.306.628 toneladas por ano. Estamos perdendo recursos econômicos e empregos verdes com o não aproveitamento sustentável da biomassa florestal, processo industrial da madeira, agricultura, beneficiamento agroindustrial e sucroenergético.
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